da BBC Brasil
A morte de 14 pessoas e a derrubada de um helicóptero em uma favela do Rio de Janeiro no fim de semana é destaque em alguns dos principais jornais do mundo nesta segunda-feira.
Todas as reportagens levantam interrogações sobre a capacidade das autoridades do Rio-- e em última instância do país-- de garantir a segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, cuja escolha foi feita há apenas duas semanas.
O britânico "The Independent" destacou que a "batalha", transcorrida no sábado, alcançou "novos níveis de violência".
"Explosões de violência não são exatamente incomuns nas favelas do Rio, que já é considerada uma das cidades mais violentas do mundo. (...) Mas o espasmo do sábado foi intenso e fora do comum, gerando densas nuvens de fumaça negra no céu e forçando autoridades do governo a enviar palavras tranquilizadoras em relação aos Jogos", diz a reportagem.
"Os eventos do fim de semana são um constrangimento para um governo que mal acabou de celebrar seu sucesso ao vencer a candidatura olímpica", disse o jornal.
Na pior onda de violência desde a escolha do Rio como sede olímpica, 14 pessoas morreram quando a polícia interferiu da disputa entre as facções rivais Comando Vermelho e Amigos dos Amigos por uma zona de tráfico no norte da cidade.
Entre as vítimas estão dois policiais que estavam dentro de um helicóptero que foi abatido pelos traficantes e explodiu após um pouso forçado em um campo de futebol de terra no morro São João. Pelo menos dez ônibus foram queimados.
Na França, o jornal "Libération" afirmou que a derrubada do helicóptero da polícia carioca é "algo nunca visto, mesmo em um Brasil escaldado pela violência".
"A audácia dos chefes que comandam as favelas do Rio parece não ter mais limites", avalia o jornal. Citando a escolha do Rio como sede olímpica de 2016, o diário considera que "o novo episódio dá a medida do desafio que espera as autoridades".
A violência também foi destaque no "Le Figaro", que destacou as "cenas de guerra civil" exibidas na televisão.
Na Espanha, o jornal "El País" diz que os enfrentamentos são "uma prova a mais do poder do crime organizado no Rio de Janeiro".
"Sabe-se que as organizações criminosas não têm a disciplina interna nem uma organização crível frente a uma das polícias mais bem treinadas do planeta no pantanoso terreno da guerrilha urbana", afirma o jornal.
"Entretanto, grupos delinquentes como o Comando Vermelho e o ADA (Amigos dos Amigos) continuam fortemente armados, algo que lhes dá um poder de fogo que preocupa bastante as autoridades cariocas, principalmente tendo em vista os Jogos Olímpicos de 2016."
Reportagens sobre o tema também circularam nos Estados Unidos, país que teve uma cidade - Chicago - derrotada na disputa olímpica.
Em um artigo assinado por seu correspondente, o diário "Christian Science Monitor" avalia que "as autoridades do Rio estão bastante cientes de que precisam melhorar seus resultados em termos de policiamento, especialmente agora que a tocha olímpica está distinguindo-os".
O jornal lembra que o governador do Rio, Sérgio Cabral, quer melhorar a segurança em relação aos Jogos Pan-Americanos de 2007, e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que, em 2016, as favelas sejam bairros que contem com a mesma infraestrutura que qualquer outro.
"Mas poucas pessoas aqui crêem que a vida nas cerca de mil favelas que dominam grandes partes da cidade mudará graças à Olimpíada."
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